Autor:Dr. Rodrigo de Paula Santos
O termo “carne esponjosa” costuma ser utilizado por pacientes e médicos para se referir a diversas estruturas. Como se trata de um termo pouco preciso, o ideal é que se conheça um pouco sobre cada uma dessas estruturas, para que se saiba onde está o problema.
As amígdalas e a adenóide são as estruturas mais freqüentemente chamadas de carne esponjosa. As amígdalas (também conhecidas como tonsilas palatinas), estão localizadas na boca, e a adenóide (também conhecida como tonsila faríngea), está localizada atrás das fossas nasais. Ambas são parte de um conjunto de estruturas chamado anel linfático de Waldeyer. Este anel se situa na entrada do sistema respiratório, e por isso é acometido por um grande número de infecções. São formadas por aglomerados de células que têm a função de produzir anti-corpos, que são proteínas envolvidas na defesa do organismo contra as mais diversas infecções. Esta função é mais importante na infância, período após o qual costumam diminuir de tamanho.
Os principais problemas que acometem as amígdalas e a adenóide podem ser divididos em infecciosos e obstrutivos. Os primeiros costumam ser acompanhados de febre, dor de garganta, mal-estar e perda de apetite; levando geralmente o paciente a procurar um médico. Já os problemas obstrutivos nem sempre são facilmente percebidos, e são decorrentes do crescimento exagerado das amígdalas e da adenóide. Isto leva a uma dificuldade respiratória, por vezes até para se alimentar, roncos durante o sono, respiração pela boca constante, aumento da secreção nasal, fungação, tosse e diminuição da audição. Os processos infecciosos são tratados com medicação adequada para cada caso, e quando se repetem seguidamente (amigdalite recorrente), ou quando levam a alguma complicação (abscesso), pode ser indicada a realização de uma cirurgia para a retirada das amígdalas (amigdalectomia). Já os processos obstrutivos necessitam de cirurgia mais freqüentemente, podendo ser necessária a retirada da adenóide (adenoidectomia), associada ou não à retirada das amígdalas, caso estejam exageradamente aumentadas.
Além das amígdalas e adenóides, ouvimos eventualmente alguém utilizar o termo “carne esponjosa” para se referir aos cornetos nasais. Os cornetos nasais são estruturas localizadas na parede lateral do nariz, que têm a função de aquecer, umidificar e modular o fluxo do ar respirado. O aumento exagerado do volume dos cornetos nasais também pode ser causa de dificuldade respiratória, como ocorre freqüentemente em adultos e crianças com rinite alérgica.
É importante lembrar que sempre que houver a suspeita de infecção de garganta, deve-se procurar o médico, seja o pediatra ou o otorrino, evitando-se assim complicações mais graves, como a febre reumática (que pode causar graves problemas cardíacos), e doenças renais. Além disso, as crianças que respiram pela boca durante muitos anos, podem ter alterações irreversíveis no crescimento da face, levando a alterações da fala e a necessidade de tratamento ortodôntico, entre outros problemas.